“A geografia de um coração” – Homenagem do Jornal Sudeste Especial de 1993 a Maria das Dores Campos (Mariazinha)

Na edição do Jornal Sudeste Especial – Catalão de 1993 consta a seguinte homenagem a nobre Mariazinha Campos:

 

                                                                                    “A geografia de um coração”

Nestes 135 anos de emancipação política de Catalão, nossa homenagem é para a figura saudosa e querida que ainda hoje nos fala com a voz da vida que, brincalhona, alegre e tranquila, soube como ninguém conduzir e exemplificar como um bem sagrado e merecedor do nosso respeito e gratidão.

Nossa homenagem é para a dona Mariazinha, Nossa dona Mariazinha. Devota de Nossa Senhora do Rosário, tinha com a padroeira tamanha intimidade que nas suas orações despojadas de egoísmo, exigia da Santa que a atendesse e então, se ajoelhava para agradecer.

Professorinha enérgica e bondosa formou e conquistou milhares de alunos, com a visão profunda que tinha do ensino. Tudo o que transmitia vinha do mais fundo de sua alma. Não apenas instruía, mas educava, sendo ela mesma a mais bela lição de vida aos seus pupilos. Jamais aproveitou dos 50 anos de educadora para gozar de regalias ou de favores pessoais. Era a professorinha que só se sentia feliz na sala de aula. O ensino era a sua terapia. Saía de casa, às vezes doente, e ao voltar da escola dizia: estou boa!

Ensinava a importância do trabalho como o sinônimo de vida, saúde, dinheiro, bem-estar e projeção social.

Na vida familiar, jamais passava a imagem da preocupação ou do sofrimento; mas a do otimismo, da confiança num amanhã melhor. Adorava festas, cantava e tocava bandolim. Ela era a Dindinha dos tantos irmãos e irmãs que a adoravam. Assumiu a família quando seus pais, num desses golpes que a vida às vezes nos dá e a alguns derruba; empobreceram. Ajudou e orientou os mais velhos. Educou os mais novos, e a cada um fez acreditar em si próprios, nos seus valores pessoais, nas suas capacidades. Uma vez sua irmã lhe pediu uma bicicleta e dona Mariazinha respondeu: “Não. Mas vou lhe arrumar um emprego para que você mesma compre sua bicicleta…”, e a irmã agradecida, algum tempo depois comprou a bicicleta.

Na vida política, acompanhava a família. Não tinha inimigos, mas alguns desafetos. Mesmo sofrendo consequências e discriminações, a maioria dos adversários da família a respeitava e a tinha como grande amiga.

Humilde ao extremo, era as vezes magoada sem que isso percebessem… Ninguém via em seu semblante a dor, mas apenas a expressão tranquila do amor, amor de verdade, amor com ação.

Sua vida foi a ilustração de um livro santo…

Sua imagem o reflexo da bem-aventurança…

Seus atos, exemplos apenas…

É que dona Mariazinha se foi em paz.

Sua saudade que é insuportável, mas mesmo esse sentimento doído a eterniza em cada coração, em tantas vidas e na nossa história.

Nós não somos mais os mesmos…

Catalão também não é mais a mesma…

Mas até essa dor e saudade, dona Mariazinha soprou… Num sopro constante, suave, que transmite sua voz nos dizendo da certeza de um reencontro…

Lá… Dona Mariazinha e… Eu… Você… Nossa Padroeira do Rosário…

 

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