Sou tatuada sim! E daí?

 

A imagem acima circulou as redes sociais essa semana. Ela me fez pensar bastante sobre ser tatuada e conviver com o que a sociedade nos causa. Não é de hoje que me acostumei a responder perguntas como “dói fazer tatuagens?”“qual o significado desse desenho?”, “quantas tatuagens você tem?” e ouvir aquele comentário clichê “vai virar um gibi!”.

A verdade é que o pensamento deveria ser “se o corpo é do outro, porque a opinião deve ser minha?”. Sério, não está na hora de cuidarmos cada um dos próprios umbigos? Enfim..

Na maioria das vezes, tatuagens são encaradas apenas como um símbolo de rebeldia, principalmente na cultura ocidental, deixando de lado todo o seu valor cultural e histórico para a humanidade. A verdade é que os homens pintavam e enfeitavam seus corpos desde épocas pré-históricas.

Apesar de hoje em dia ainda haver um forte preconceito com pessoas tatuadas (fruto de uma ideologia histórica que envolve marinheiros, prostitutas e um submundo real, ao mesmo tempo fantasioso), muitos estão mudando seu ponto de vista. Cada vez mais encontramos pessoas que entendem tatuagens como verdadeiras obras de arte, intervenções corporais com valores estéticos e artísticos.

A tatuagem, enfim, está perdendo sua conexão com o marginalizado e perigoso. A pintura da própria pele pode ser entendida, hoje, como ferramenta de expressão e tomada de posse do próprio corpo.

Por isso, essa é uma postagem sobre mim.

Ouço pessoas dizendo “Ah, eu vou escolher um desenho foda para a minha primeira tatuagem”, “Ah, tem que ser realismo, com o melhor tatuador”, “Ah, qual o significado da caveira?”… Bem… a minha crença em tatuagens é a de que são marcas eternas (não leve ao pé da letra, existe procedimento de retirada) e podem – e devem! – contar histórias pelas quais somente você passou.

Eu tenho um texto LINDO na panturrilha esquerda que traduz uma ideologia de vida e que, mais importante que qualquer ideologia, me lembra de uma das pessoas mais incríveis que já conheci na vida! Tenho um #1 da Harley-Davidson na panturrilha direita que me faz lembrar o quanto eu estava bobamente apaixonada e o quanto tê-la feito me salvou de uma declaração de amor quase inútil – hoje eu rio da história, viu como tá valendo!?

O Japão, meu gato preferido, está rabiscado no meu joelho direito, graças à uma grande amiga, que desenhou o gato mais bonito do mundo só para estar gravado na minha pele. Tenho, também, uma Catrina na coxa esquerda que me lembra de um episódio engraçadíssimo em uma época em que eu estava de pé quebrado.

Ainda tem a caveira banguela na mão direita, que me faz lembrar o quanto o meu amor, na época, era, também, cheio de janelas, e um coração ao lado do olho direito, que de início era um alvo. O “Nothing Else Matters”, no antebraço esquerdo, explica todas as coisas que realmente não me importam – ou releva as que realmente importam, depende do meu ponto de vista.

São 31 desenhos – confesso que por enquanto -, extremamente variados, que significam cada momento importante da minha vida e cada pessoa que participou desses detalhes. Eu sou essa pessoa – não tenho uma linha de desenhos, não tenho um estilo old, ou new, ou realista, ou o que quer que seja. Eu sou um livro. Um belo livro ilustrado com as melhores histórias da minha vida!

A tatuagem é só mais uma característica da personalidade e não deve atrapalhar. Ou pelo menos não deveria. Como muitos outros diferenciais que possuímos, como: tipo de cabelos, cor dos olhos, pele, altura, tipo físico ou personalidade… o que nos distingue uns dos outros. Somos diferentes, ainda bem! Não teria a menor graça se todos fossem iguais. Hoje, mais do que nunca, as pessoas tem essa mania de querer sempre enquadrar todo mundo dentro de um padrão, como bonecos de plástico dentro de caixas e sem emoções! E se você não se encaixa, está fora?

 

Texto: Estela Fiorin

Fotos: Reprodução Internet

 

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