O Eco do Passado – AS AVES

Desde meus tempos de criança, sempre tive enorme amor pelos passarinhos! Na fazenda do meu pai, onde nasci e me criei, existia, além do imenso pomar, uma mata ao fundo, margeando o córrego que ainda hoje corre por lá! E tanto no pomar quanto na mata, desde os nossos primeiros passos, fomos convivendo com aquela enormidade de pássaros.

Como eu gostava de vê-los alimentando-se de frutas, principalmente no pomar e de ouvir os seus mais variados cantos, uma verdadeira sinfonia! E como nós, as crianças, nos divertíamos, acompanhando-os na construção de seus ninhos e vendo os primeiros vôos de seus filhotes. Mas, uma coisa da qual eu não gostava era de ver os moleques, meus companheiros, matar os passarinhos, com um estilingue, somente por diversão.

Sempre procurava defender as aves, assim como as abelhas Jataí, tão mansinhas e presas fáceis dos gulosos! Esse meu amor de criança deve ter criado raízes no meu coração, fazendo com que eu estivesse sempre do lodo dos mais fracos e dos mais carentes.
Adulto, formei muitos pomares e sentia-me feliz vendo os passarinhos minha volta, comendo os meus cajus, os cajás, minhas laranjas, as mangas, as jambochas e outras tantas frutas.

Tenho uma jabuticabeira que há vinte anos dá frutos três vezes ao ano e eu só deixo apanhá-los quando todas as outras estão carregadas de frutos maduros. Isso em setembro, pois as temporanas ficam para as aves. Tenho também meus mamoeiros, cujos frutos são quase que só para os passarinhos. Às vezes até trago mamão da feira para tratar dos pássaros que freqüentam meu quintal!

Sempre tenho comigo um toco com uma família de abelhas Jataí e quando elas soltam seus enxames, duas vezes ao ano, eu não os pego.

Em nossa casa situada na Vila Margon, aqui em Catalão, local no qual eu ia freqüentemente para cuidar dos cachorros, onde passava, às vezes, uma temporada e recebia alguns amigos, pendurei, na área de serviço, uma vasilhinha com água açucarada para atrair os beija-flores. E houve um, em especial, que passou a beber da água e foi ficando tão mansinho que me afeiçoei a ele. Dei-lhe o nome de “Barão” e bastava eu assoviar e chamá-lo pelo nome que ele vinha apressadamente, atendendo a minha convocação e fazendo festinha! E como me fazia feliz sentir que também ele se afeiçoara a mim!

Hoje até nas fazendas existem poucos pomares e as matas desapareceram e como estes eram o ambiente natural delas, as aves foram aos poucos emigrando para as cidades, onde nos bairros existem muitas árvores frutíferas e pessoas que têm pena dos passarinhos.
Em Brasília houve algum governante que deve ter pensado nas aves e por isso 20% daquela imensa vegetação urbana são de árvores frutíferas, principalmente mangueiras. Assim, a população pode acordar todos os dias ao som do canto dos passarinhos!

Foto: Paulo Hummel e o beija-flor

FONTE: (Extrato do livro O Eco do Passado, de Paulo Hummel)

Foto (créditos): Regiane Hummel

 

 

 

 

 

 

 

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