Recordações da Academia Catalana de Letras – As mortes de Albino Felipe Nascimento e de Antero da Costa Carvalho

A Academia Catalana de Letras recorda que, nesta semana completam 84 anos que o fazendeiro Albino Felipe foi morto de tocaia e, até hoje, não se comprovou a autoria e tampouco o mandante do crime.

Evidente que o processo prescreveu, mas não existem, na história da violência em Catalão, episódios mais comentados do que os assassinatos de Albino Felipe Nascimento e de Antero da Costa Carvalho. Um se deu em consequência do outro no curto prazo de dois meses.

Antero, natural de Jataí, aqui chegou em 1932, acompanhando sua mulher que tinha família residente em Catalão. Como prático de farmácia, rapidamente se integrou aos meios políticos e sociais, ganhando amizade e respeito dos moradores.

Albino Felipe, por sua vez, era um fazendeiro rico, de família tradicional em Catalão, muito querido e conhecido em toda a região. Inclusive, tornara-se compadre e amigo de Antero, com quem mantinha estreita convivência na cidade e na fazenda Retiro.

Inesperadamente, na tarde de 26 de maio de 1936, Albino Felipe foi morto de tocaia, em um local perto da cidade, conhecido como “baixadinha da Pedra Preta”. O fazendeiro tinha 78 anos de idade e retornava à sua fazenda na Babilônia, vindo de Catalão.

O covarde assassinato, mesmo em um município marcado pela violência, ocasionou grande repercussão. A execução de um homem bom, trabalhador, sem quaisquer inimigos declarados, virou um enigma.

Aberto o inquérito policial, vários depoimentos foram sendo colhidos, até que o jagunço Chico Prateado confessou a autoria do crime e acusou Antero de mandante.

Ambos foram presos. Chico Prateado foi solto misteriosamente e Antero continuou detido até ser morto por uma turba de cavaleiros que invadiu a cadeia e o retirou em calvário, na noite de domingo, em 16 de agosto de 1936.

Duas versões foram alimentadas na época. Uma ligava diretamente Antero como mandante do crime contra o fazendeiro Albino e outra o inocentava, colocando membros da família Sampaio como os verdadeiros mandantes.

Inexplicavelmente os processos desaparecerem dos cartórios de Catalão, restando somente o registro de alguns desencontrados depoimentos.

O caso ficou famoso, de um lado, pela dimensão do barbarismo e da violência cometidos na execução de Antero. Não fosse isso, talvez já tivesse sido esquecido.

De outro, entretanto, não é difícil de entender que o carisma revelado por Antero, aliado a seu prestígio de farmacêutico popular, incomodava a poderosa elite catalana.

Enfim, desses fatidicos episódios, restaram quase que somente as antigas marcações topográficas.

No lugar onde Antero caiu morto, saída de Catalão pela Rua da Grota, existe hoje uma minúscula capela.

No local onde Albino foi executado ergueram uma grande cruz na “baixadinha da Pedra Preta”. Com a recente duplicação da BR-050, essa cruz foi afastada por alguns metros para permitir o alargamento da rodovia. Foi replantada nos mesmos moldes de antigamente e cercada com lascas de aroeira.

Mais de 80 anos que tudo aconteceu. Porém, a memória da cidade não conseguiu apagar os lamentáveis episódios.

FOTO: Albino Felipe do Nascimento

FOTO: Antero da Costa Carvalho

FOTO: Local onde Albino Felipe foi morto em tocaia

FOTO: Local onde Antero Carvalho foi executado

FOTO: Cruz original. Lugar de tocaia.

Luís Estevam

 

 

 

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