Adeus ao Papa Francisco: um símbolo de fé, coragem e humanidade

O mundo amanheceu mais silencioso com a notícia da morte do Papa Francisco. Aos 88 anos, Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa vindo da América Latina e o primeiro jesuíta a ocupar o mais alto posto da Igreja Católica, faleceu no Vaticano, deixando um vazio imenso entre fiéis e admiradores.

Francisco não foi apenas o líder da Igreja. Ele foi um homem do povo, um símbolo de esperança para os humildes e marginalizados. Veio da Argentina, país vizinho ao nosso, com sotaque familiar e coração latino. Para muitos católicos brasileiros — sobretudo das comunidades periféricas, quilombolas, indígenas, ribeirinhas e urbanas — ele representou uma voz acolhedora, aberta ao diálogo e atenta às injustiças sociais.

Foi um papa que não teve medo de pisar no barro, de abraçar os pobres, de denunciar a ganância e de questionar estruturas de poder, inclusive dentro da própria Igreja. Seu olhar amoroso sobre os refugiados, os povos originários e o meio ambiente dialogou profundamente com o que vivemos no Brasil, um país onde a fé é viva, popular, feita de novenas, romarias, batuques, congos e devoções ancestrais.

Francisco entendeu a alma do povo. Na Encíclica Laudato Si’, falou com força sobre a nossa “Casa Comum”, pedindo respeito à Mãe Terra — algo que ecoa nos cantos das congadas, nos pontos de umbanda, nas missas do campo e nos terreiros de axé. Ele foi ponte entre diferentes mundos espirituais, cultivando o respeito entre religiões e valorizando as culturas de cada povo.

Morre o Papa, mas fica o Francisco. Fica o legado de simplicidade, de compaixão, de fé descomplicada e profundamente humana. Nos becos, nas igrejas, nos barracões e nas escolas, sua memória seguirá viva. E no Brasil — onde a religiosidade é também resistência cultural — seu nome será lembrado com afeto.

Citação de Francisco
“Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, do que uma Igreja doente pelo fechamento e pela comodidade de se agarrar às próprias seguranças.”
(Papa Francisco – Exortação Evangelii Gaudium)

Verso bíblico para encerrar:
“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.”
(2 Timóteo 4:7)

 

TEXTO: Maysa Abrão

FOTO CAPA: © Nuno Veiga/Pool/Agência Lusa