A RUA ESTREITA – Por Paulo Hummel Jr

Quando meus avós paternos aqui chegaram, na primeira década do século passado, a ocupação da cidade dava-se, preferencialmente, por meio de pequenas chácaras com o fundo voltado para a margem esquerda do Ribeirão Pirapitinga e a frente para o que hoje chamamos de Av. 20 de Agosto. À medida que o núcleo habitacional foi se expandindo e deixou as cercanias da Rua da Grota, indo além da Velha Matriz, logo surgiu a Rua Estreita, como hoje a população a conhece.
Não se conseguiu levantar quando essa rua foi aberta e nem quem era o administrador da cidade, á época. Mas, seguramente, isso ocorreu há bem mais de um século.Teve ela vários nomes e codinomes.Já foi Rua Ipameri e atualmente tem duas denominações: das proximidades da Caixa Econômica Federal (CEF) até a Praça Getúlio Vargas, onde encontra a Rua Formosa, chama-se Rua Coronel Afonso Paranhos. Dali até a praça da Velha Matriz, tem o nome de Rua Juca Cândido. Entretanto, essa pequena via sempre foi mais conhecida pelas seus codinomes, designação extraoficial dada pelo povo, como ainda é comum em Catalão.
A Rua Cel Afonso Paranhos foi assim denominada em 1952, por documento firmado pelo Prefeito Ciro Netto, após aprovação da Câmara Municipal. A Rua Juca Cândido foi objeto de processo similar, em documento assinado pelo Prefeito Antônio Chaud, em 1956. Ver fotos abaixo.
Ja foi chamada de Rua do Meio, nos longos tempos em que Catalão era um pequeno burgo, quando a Av 20 de Agosto, ela e a Rua Pedro Ludovico se constituíam nas principais vias da cidade. Depois o povo a apelidou de Rua Estreita, nome pelo qual é mais conhecida por nossa população, dada a sua pequena largura.
E, realmente, ela faz justiça ao nome, pois tem somente 6 m de largura, na maior parte dos seus aproximados 900 m de cumprimento, à exceção do trecho que vai da Rua Formosa até a Rua Bernardo Guimarães, onde se mostra com ainda acanhados 8 m. Com isso atrai pouco comércio, tornando-a uma via preferencialmente residencial.
Por esse fato, sempre concentrou moradores de famílias tradicionais, tais como Aires, Borges, Braga, Campos, Elias, Evangelista, Fayad, Fonseca, Gomide, Goulart, Hummel, Leite, Margon, Martins, Melo, Mesquita, Netto, Paixão, Paschoal, Rocha, Rodrigues de Paula, Sales, Safatle e Sampaio, além de outras que, por lapso, não me recordo.
Por consequência, vários de seus moradores acabaram sendo mandatários da cidade. Cito pelo menos 10 deles: Anisio Gomides, José Evangelista da Rocha, Bento Rodrigues de Paula, Diógenes Dolival Sampaio, Haley Margon Vaz, Jacy de Campos Netto, Leovil Evangelista da Fonseca, Osark Vieira Leite, Paulo Hummel e Silvio Paschoal. Isso a faz ser lembrada, também, como a Rua dos Prefeitos.
Infelizmente, do seu antigo casario colonial pouca coisa restou. Mas ainda temos dois casarões bem preservados na Rua Estreita. Um deles é a casa da família Goulart, residência do Marcelo Goulart, na Rua Cel Afonso Paranhos, já próxima da CEF, construída na década de 20 do século passado, que já foi moradia de Galeno Paranhos, David Persicano, Idelfonso Evangelista da Rocha, Itamar Bilontra entre outros.
E temos também a antiga casa da família Paixão, herdada pela Sra Felicidade, esposa do Sr Antônio Aires, também na Cel Afonso Paranhos, já próxima à Praça Getúlio Vargas. É, certamente, uma das mais antigas construções de Catalão, entre as remanescentes, com um excelente projeto, também muito bem preservada.
São imóveis que por si só contam parte de nossa história. Antes que seja tarde, seriam muito bem-vindas providências para que sejam preservadas, a exemplo de outras na cidade.
Mesmo que o tempo não deixe de mostrar os seus sinais, afinal, a cidade vai se transformando naturalmente, tomara que o progresso não venha descaracterizar demais o centro histórico de Catalão. E que a Rua Estreita continue sendo uma referência para o nosso povo.
FOTO: A casa dos Goulart, já perto da CEF, em foto do próprio
FOTO: A casa da Familia Aires, em foto de Dalila Rodriguez
FOTO: A Rua Estreita, na década de 40
Facebook – Fabio Ferreira Pires – Nessa foto está a minha avó Nilza Netto Aires (nome de solteira) Nilza Aires Pires (nome de casada),
as crianças são minha mãe, Vânia Pires e seu irmão ( Carlos ou Juracy ).
Essa residência era em frente a casa do meu Tio Avô, Antônio Aires!
FOTO: Na década de 50/60
FACEBOOK: Haroldo Campos – Rua Estreita nas décadas de 60-70 era designada Rua dos Gatos ( by Carlinhos Goulart, generalizou).

Ali funcionou o primeiro posto de saúde da cidade ( Dr Jamil Sebba e Roberto Marot e o dentista Heber Campos), que ainda está lá fisicamente, como unidade de saúde diversa.
A primeira Clínica Odontológica com mais de um profissional (Júlio Antonio Pascoal, Ademir Aires, Severo Gomides, Gilberto Cortopassi).
A primeira funerária da cidade, de Júlio de Mello. A primeira igreja não católica da cidade.
FACEBOOK: Sandra Fayad – Essa casa com fachada, estilo árabe era a minha casa, que foi desmanchada pelo papai, para fazer uma nova casa, mas ficou só nos planos dele.
Hoje é a casa do meu primo Marcelo André de Melo. Ao lado, nessa com alpendre e na outra em frente, moravam a família da Beatriz Campos e a da Sheila Nanete e os outros filhos do poeta Julio de Melo.
Ali ficava também a funerária. Havia também a família do Omar Caixeta, que hoje mora em Copacabana (RJ). A Mariinha ( Maria Arthur) sempre posta noticias dos seus pais.
FOTO: Lei que nomeou a Rua Cel Afonso Paranhos, de 1952
Paulo Hummel Jr