Quando vivia em Brasília, vim certa vez a Catalão e aqui chegando tive uma crise de bronquite. Tomei alguma medicação e fiquei lá na casa da tia Nieta, onde eu me hospedava, entretido com um velho rádio que havia na sala de jantar, procurando alguma música pra ouvir. No início da noite, chegou por lá o Antônio Hummel, meu tio, para jantar e ouvir seus noticiários, no mesmo rádio. Sabendo ser ele um assíduo usuário daquele aparelho, pelo qual acompanhava os programas das Rádios de Moscou e de Havana voltados para o Brasil, feitos em português, ofereci-lhe então o rádio, no que ele agradeceu, e...

Na metade do século passado, a literatura era considerada, em Catalão, como passatempo das classes sociais mais privilegiadas e inteiramente desconhecida meio a uma população quase analfabeta. Justamente nessa época, um rapaz de 19 anos ousou publicar um livro. Impresso na gráfica Zebu, de Uberaba, "VULTOS CATALANOS" foi lançado em 1959, nas comemorações do centenário de Catalão. Talvez, nem o autor, Geraldo Coelho Vaz, adivinhasse a importância do que estava fazendo. Até então, os escritores catalanos publicavam em jornais, revistas, ou guardavam em cadernos os seus escritos. Coelho Vaz foi o pioneiro, ao inaugurar a literatura catalana impressa em livro, onde resgatou poetas e escritores do passado que, se não fosse o registro, estariam esquecidos.