Catalão – EM DEFESA DO PASTO DO PEDRINHO
Poucas cidades tem o privilégio de ter uma reserva como a do Pasto do Pedrinho, com cerca de 6 hectares, localizada exatamente no seu centro urbano. Distinção ampliada se considerarmos que aquela área preserva espécies já raras da Mata Atlântica e do Cerrado, além de ser também um refúgio de aves e possuir nove nascentes em seu interior.
Some-se a isso o seu valor paisagístico e histórico, local de proezas e de lazer para os jovens de inúmeras gerações, naqueles tempos em que a cidade contava com poucas opções de entretenimento.
Oriundo da antiga fazenda do Senhor Pedrinho Aires, a sua preservação ocorreu quase que por um milagre, graças ao poder de regeneração da sua vegetação, à sua acidentada área e a diversas circunstâncias que vêm dificultando a sua destruição, apesar dos frequentes incêndios e do sorrateiro avanço das cercas de alguns vizinhos.
Estranhamente, os nossos alcaides sempre foram refratários às campanhas para a desapropriação daquela reserva, como o Movimento pela Criação do Parque Municipal do Pasto do Pedrinho e muitos outros. Um de nossos ex-prefeitos chegou a comprar a área em um processo judicial de inventário, mas na hora de efetuar o devido pagamento… não compareceu, apesar do insignificante valor oferecido para a aquisição do local.
Seria impensável nos tempos de hoje, quando se verificará no Brasil a Cúpula do Clima da ONU de 2025, conhecida como COP30, a ser realizada em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21/11/25, assistirmos a destruição de uma reserva tão importante. Assim, a negociação da área com os proprietários seria a decisão mais razoável e pouco impactaria aos cofres de um município tão rico como o de Catalão, com uma receita próxima a R$ 1 bilhão anualmente.
Hoje ainda temos o atenuante de a legislação prever que os detentores de áreas verdes possam fazer a venda de créditos de carbono, nos termos da Lei 15.042/2024, que instituiu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), uma prática que permite a empresas ou governos obtenção de importantes recursos para a manutenção e preservação de áreas florestais.
De qualquer forma, o Plano Diretor de Catalão ainda protege parcialmente o Pasto do Pedrinho, classificando a área como uma Zona Urbana de Uso Sustentável (ZUU). Com isso, se os proprietários desejarem parcelar a área, deverão cumprir diversas restrições, com a ocupação máxima de 60% do terreno, com uma taxa de permeabilidade mínima de 30%, a manutenção e a recuperação das áreas de preservação permanentes e arcar, ainda, como compensação ambiental, com a construção de um parque para uso da comunidade.
Além de sua existência, por si só, constituir-se em fator fundamental para a manutenção de menores temperaturas no seu entorno, o que já justificaria a sua preservação, a manutenção da reserva do Pasto do Pedrinho possibilitaria o desenvolvimento de pesquisas e atividades escolares por parte de entidades educacionais, fato que hoje já ocorre. E um parque em seu interior, aberto à comunidade, com espelhos d’água, trilhas, brinquedos infantis, locais para circos e similares, além palcos para eventos, criaria um rico espaço de lazer e entretenimento, elevando a qualidade de vida da população.
Cabe-nos, portanto, clamar a todos as entidades representativas da cidade, clubes de serviços, ONGs, aos nossos políticos e à população em geral que se unam em prol da defesa da preservação dessa área, antes que seja tarde.
Viva o Pasto do Pedrinho!
Por Paulo Hummel Jr