Cidade de Goiás: patrimônio vivo no coração do Brasil

Reconhecida pela Unesco como Patrimônio Mundial, a antiga Vila Boa preserva a história, a arte e os modos de vida da cultura goiana; agora é também cenário do Congresso Conviver 2025

As ruas de pedra e as casas de pau a pique da Cidade de Goiás guardam nas memórias da população um patrimônio que é símbolo do Brasil colonial. Localizada a 140 quilômetros de Goiânia, capital de Goiás, a antiga Vila Boa foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio Mundial em 2001, pela singularidade de seu conjunto arquitetônico e pela preservação de suas tradições. É um território onde história, cultura e natureza convivem em harmonia, preservando o espírito do interior goiano.

Ao longo de sua história, a cidade tem se consolidado como um importante polo cultural nacional. Sede de eventos como o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), além de shows, festivais gastronômicos e manifestações populares, o município mantém viva uma intensa produção artística e intelectual. A Praça do Coreto, rodeada por casarões e bares, é um dos espaços mais simbólicos e festivos da cidade. Nas ruas e nos quintais, a hospitalidade goiana se revela em gestos simples como uma boa conversa à sombra das varandas. Nesse ambiente acolhedor, se mantém-se viva a alma da cidade. Assim é a casa do primeiro Congresso Conviver.

A partir de hoje até o dia 6 de novembro, a Cidade de Goiás será sede da primeira edição do congresso. Promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o evento vai reunir representantes de universidades, institutos federais e comunidades de todo o país para debater o futuro das habitações populares e da conservação do patrimônio cultural brasileiro.

Foto: Mariana Alves/Iphan

“A Cidade de Goiás é o cenário ideal para o congresso, um lugar onde o patrimônio é vivido diariamente e onde se constrói, de forma coletiva, o futuro da preservação cultural no Brasil”, afirma o Superintendente do Iphan em Goiás, Gilvane Felipe sobre uma anfitriã cheia de memória.

A cidade entre poesias

“Goiás, minha cidade… Eu sou aquela amorosa de tuas ruas estreitas, curtas, indecisas, entrando, saindo uma das outras.”

— Minha Cidade, Cora Coralina

Não há como falar da Cidade de Goiás sem mencionar Cora Coralina, uma das poetisas mais admiradas do Brasil. Nascida em 20 de agosto de 1889, quando a cidade ainda se chamava Vila Boa de Goyaz, Cora começou a escrever seus versos aos 14 anos e transformou o lugar com sua poesia simples e profunda. Doceira de profissão, ela produziu uma rica obra poética que retoma os valores culturais do interior goiano.

Anos mais tarde, já morando em São Paulo, Cora passa a vender livros pela Editora José Olímpio e em 1965, realizou a sua primeira publicação: “O poema dos becos de Goiás e estórias mais”. Ela passa a ser reconhecida nacionalmente após ter sua obra elogiada por Carlos Drummond de Andrade e em 1983, é eleita intelectual do ano e recebe o Prêmio Juca Pato, da União Brasileira dos Escritores.

Foto: Mariana Alves/Iphan

Cora Coralina faleceu em Goiânia, em 10 de abril de 1965. Em sua cidade natal, a casa na ponte, às margens do Rio Vermelho, é hoje um museu que preserva sua memória e encanta os visitantes. Atualmente o espaço reúne a essência de sua poesia: o rio, as casas históricas e a força das palavras de Cora, que eternizou Goiás em sua literatura.

Goiás e seu patrimônio

Os casarões, igrejas e espaços públicos da atual Goiás representam a transformação urbana da cidade, primeira capital do estado até o ano de 1937. Goiás, a cidade, possui hoje o maior conjunto arquitetônico e urbanístico tombado em âmbito federal no Estado de Goiás, com um acervo composto por arquiteturas de diversas tipologias, desde o colonial, de meados do século XVIII, até edificações com traços modernos.

Entre seus principais marcos históricos, estão o Palácio Conde dos Arcos, antiga sede do governo e exemplo da arquitetura civil colonial; a Casa de Câmara e Cadeia, hoje Museu das Bandeiras, que guarda parte importante da memória administrativa e política da região; e o Quartel do XX, de arquitetura militar, erguido entre 1751 e 1763. Também se destacam o Cineteatro São Joaquim, o Casarão da Prefeitura Municipal e o tradicional Mercado Municipal, espaços que mostram a dinâmica social, cultural e econômica da cidade.

Além do reconhecimento por sua história e arquitetura, a cidade se destaca pelas festas religiosas que atraem turistas em todo o País, como a Procissão do Fogaréu. Como um ponto de encontro da fé, Goiás (GO) possui inúmeras igrejas, tombadas em nível federal, como a Igreja de Nossa Senhora da Abadia, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja de Santa Bárbara, a Igreja de São Francisco de Paula e a Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte.

Foto: Mariana Alves/Iphan

Esses edifícios históricos, além de guardarem a memória, representam também o compromisso coletivo com a preservação e o uso responsável do patrimônio cultural. É nesse contexto que o Congresso Conviver 2025, promovido pelo Iphan, ganha ainda mais relevância.

Congresso Conviver 2025

O Congresso Conviver é uma das ações dentro do Programa Conviver, que oferece assistência técnica gratuita a moradores de cidades históricas, priorizando a conservação de imóveis e a valorização dos saberes locais. O Programa se baseia em Canteiros Modelo de Conservação, pelo qual o conhecimento técnico e o saber tradicional se unem para garantir a preservação do patrimônio e o fortalecimento da identidade comunitária

A programação do Congresso contempla uma exposição da atuação dos Canteiros-modelo de Conservação; trocas sobre salvaguarda, saberes e ofícios; mostra de curtas; roteiros fotográficos guiados e uma série de encontros que têm como objetivo principal a troca de experiências entre as equipes dos Canteiros-modelo de todo o país.

A Cidade de Goiás abriga o Canteiro Modelo Vila Boa, desenvolvido em cooperação entre a UFG, o Iphan e a Prefeitura Municipal. O objetivo é desenvolver projetos de conservação de imóveis tombados de famílias de baixa renda da região, contribuindo com a preservação da cidade, um patrimônio vivo no coração do Brasil.

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Categoria

Cultura, Artes, História e Esportes

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