DIÓGENES SAMPAIO

Eu tinha13 anos de idade quando me envolvi em um acidente, aqui em Catalão. Fui atropelado por um caminhão, num perigoso episódio, do qual me safei por pouco, bem como o meu amigo Roberto, que estava na garupa da bicicleta. Além das escoriações, saí do acidente com uma grave fratura no braço esquerdo, que rendeu duas cirurgias realizadas em Goiânia.
Nos entremeios dessa história, eu me encontrava internado em um hospital de Goiânia quando, de surpresa, recebi uma ilustre visita: ninguém menos do que Diógenes Sampaio, notório personagem da história catalana. Ele vira em um jornal de capital, em uma reportagem sobre Catalão, que o Prefeito Paulo Hummel estava na cidade tratando dos interesses do seu município, mas também acompanhando um filho internado no Hospital Santa Lúcia.
Claro que a visita foi um mero pretexto para Diógenes se encontrar com o meu pai, com quem teve um longo proseado sobre política, principalmente. Alto, magro, de terno, Diógenes era polido, inteligente e bem informado, não obstante estivesse muito afastado de Catalão e seus problemas. Mas era clara a sua saudade e o seu interesse.
Com toda razão, pois fora proeminente figura no cenário político catalano, onde os Sampaios foram protagonistas por longos anos. Eu o conhecia por nome e já ouvira muitas histórias sobre os tenebrosos tempos das carabinas Papo-Roxo (ligados aos Aires e outros coronéis) e Papo-Amarelo (vinculados aos Sampaios e aos Nettos), alcunhas locais dos seguidores dos partidos Republicanos e Democrata, respectivamente.
Luiz Sampaio, seu pai, foi líder político em Catalão na década de 1920, tendo exercido o cargo de Intendente da cidade. Com esse legado, caracterizado pela oposição aos Caiados, Diógenes foi figura ativa na participação goiana na Revolução Constitucionalista de 1930.
Por conta desse engajamento, em 1932 comandou a tropa goiana (formada principalmente por catalanos) que combateu na Revolução de 1932, enfrentando os paulistas que se revoltaram contra Getúlio Vargas.
Filho de Luiz de Paiva Teixeira Sampaio (natural de Sacramento-MG) e de Ermelinda Evangelista da Rocha Sampaio, Diógenes nasceu em 21.05.1900, em Catalão, e faleceu em 14.05.82, em Goiânia. Foi casado com Auristela Neto Sampaio e teve os filhos Alda Sampaio de Campos Meireles, Luiz Sampaio Neto, Maria Helena Sampaio Drumond e Dora Sampaio Bassi.
Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Goiás e, em 1930, foi nomeado intendente em Catalão.
Elegeu-se Deputado Estadual por três vezes (uma quando era filiado ao PSR e as demais pela UDN), tendo exercido a Presidência da Assembleia Legislativa entre 1948 e 1949. Ocupou o cargo de Secretário de Estado do Interior e Justiça no governo de Coimbra Bueno.
Diógenes Dolival Sampaio também é nome de importante avenida em Goiânia, homenagem que não recebeu em Catalão, sua cidade natal.
Em Catalão foi proprietário de uma bela casa de frente à Praça Getúlio Vargas, vendida ao Dr Lamartine de Avelar.
A marcante e belicosa história de Catalão na primeira metade do século XX ainda está para ser toda esclarecida. Providencia necessária, não para ressuscitar ódios, mas para revelar e esclarecer melhor o nosso passado. E quando isso ocorrer, Diógenes Sampaio será um dos seus principais figurantes.
Foto do acervo do Nosso Catalão

Esta foto é de 1945 e registra a visita de Pedro Ludovico Teixeira a Catalão. Reparem no alto uma inscrição onde se lê: Visita de Sr. Dr. Pedro Ludovico Teixeira, Catalão Goiás, 13-X-45, Foto Rivaldo. Para receber o ilustre visitante, foi realizado um desfile colegial. Ao fundo o casarão do ex-prefeito de Catalão, diógenes dolival Sampaio. Reparem que aquela árvore que hoje ainda existe, é a mesma, ou quase, de 54 anos atrás. Todavia, em 1969 ela teve que ser cortada, pois seu tronco estava perigosamente apodrecido. Assim, do que sobrou da antiga planta uma outra árvore cresceu. E como!

Foto do acervo do Nosso Catalão