
Encontro em Alto Paraíso reuniu mestres da cultura, gestores, artistas e pesquisadores, lançou edital inédito de R$ 1,2 milhão para Mestres e Mestras da Cultura e consolidou propostas para fortalecer políticas públicas de preservação
A cidade de Alto Paraíso, situada no nordeste do estado, foi palco, entre os dias 29 e 31 de agosto, do 1º Fórum de Patrimônio Material e Imaterial de Goiás, realizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). O encontro, sediado no campus da UnB Cerrado, reuniu mestres da cultura, pesquisadores, gestores públicos, artistas, estudantes e representantes de comunidades tradicionais em três dias de programação intensa, marcada por debates, oficinas e vivências.
Com o tema “Patrimônio e Território: fronteiras culturais e paisagens de resistência”, o fórum contou com a presença de participantes de mais de 20 municípios goianos, além de representantes do Distrito Federal e Tocantins. Ao todo, mais de 100 inscritos acompanharam as atividades, consolidando o espaço como um marco para a valorização da memória e da diversidade cultural goiana.
A programação do evento trouxe painéis temáticos sobre identidade cultural nos territórios, educação patrimonial, políticas públicas de salvaguarda e patrimônio e sustentabilidade, além de uma Roda de Saberes, momento em que mestres da cultura compartilharam experiências e práticas tradicionais com a comunidade. Também foram realizadas oficinas de registro e salvaguarda do patrimônio material e imaterial.
A superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult Goiás, Bruna Arruda, ressaltou que o fórum marca um divisor de águas para as políticas culturais do Estado e destacou que o evento trouxe insumos valiosos para a formulação de novas ações.
“A nossa intenção sempre foi pensar o municipal, o estadual e o federal, juntando todos os níveis. Começamos pelo estadual, mas já sentimos a necessidade de ampliar os passos. O fórum nos deu informações ricas sobre as lacunas e os caminhos possíveis, mostrando onde podemos avançar enquanto gestão para fortalecer as políticas públicas de patrimônio. Ficou muito claro que este encontro é um ponto de virada, que nos permite construir políticas públicas mais sólidas e conectadas à realidade das comunidades. Para mim, foi um resultado muito além do esperado”, avaliou.
Para o secretário municipal de Cultura de Alto Paraíso, Rafael Veiga, o encontro tem dimensão histórica. “Receber esse fórum em um território quilombola é também um ato de reparação histórica. Saímos daqui com propostas qualificadas, como a criação de fóruns municipais, que vão fortalecer ainda mais o debate para o próximo encontro estadual”, afirmou.
Vozes do fórum
Participantes também ressaltaram o caráter formativo e transformador do fórum. Para Gláucia Esqueda, da Casa de Saberes Tradicionais Flor do Moinho, o encontro abre caminhos para reconhecimento e transmissão dos saberes.
“Estamos aqui para aprender como registrar e salvaguardar conhecimentos que não podem se perder, como os deixados por Dona Flor, e garantir que passem para as próximas gerações”.
Já o pesquisador Edilberto Dias Campos, participante do evento, destacou a importância do fórum para iniciativas locais de preservação. “Sou historiador e pesquiso as fontes históricas da Chapada dos Veadeiros. Esse encontro chegou num momento oportuno, porque existem muitas frentes preocupadas com o patrimônio cultural, além do natural. Precisamos de apoio, recursos e capacitação, e o fórum nos fortalece nessa busca. É uma oportunidade que abre horizontes”.
Edital inédito e encaminhamentos
O fórum também foi marcado pelo anúncio do edital inédito Mestres e Mestras da Cultura, que terá investimento do Governo de Goiás de R$ 1,2 milhão. A iniciativa vai contemplar 120 prêmios de R$ 10 mil, incluindo uma categoria especial para mestres quilombolas e kalungas. O lançamento oficial do edital está previsto para 8 de setembro, pela plataforma Baru.
No último dia, uma plenária reuniu participantes para sistematizar as propostas discutidas durante o evento. Entre as sugestões, destacam-se a criação de fóruns municipais de patrimônio, maior integração entre universidades e comunidades locais e o fortalecimento de políticas públicas para salvaguarda cultural.
O 1º Fórum de Patrimônio Material e Imaterial de Goiás encerrou-se neste domingo (31/8), em Alto Paraíso, com o compromisso de consolidar uma rede de proteção, valorização e promoção do patrimônio cultural do Estado.












