Mariana Abrahão – A História de Uma Enfermeira Catalana

Mariana Abrahão, conhecida por Marina Abrahão, nasceu em Catalão, no ano de 1910. Filha primogênita de Abrahão André e Julieta Josepha (*) dividiu a infância com os irmãos Jorge, o Batuta; Chafi, Chafia (apelido Sônia), Geni, Sarah e Norma. Hoje estão vivas apenas Sarah (90) e Norma (mãe do Marcelo da Lotérica Zebrão).

Mariana tinha 19 anos quando se casou com o comerciante catalano, Moysés José Nazar, no dia 10 de fevereiro de 1929. Após o casamento mal sucedido, devido o alcoolismo do marido e maus tratos, Mariana decidiu ir embora para o Rio de Janeiro, onde moravam uns primos.

Na cidade grande, com esse apoio básico, dedicou-se aos estudos e obteve êxito em concurso para o cargo de enfermeira. No dia 20 de maio de 1937, foi diplomada enfermeira profissional pela Cruz Vermelha Brasileira (Fundada em 5 de dezembro de 1908, com a Escola de Enfermeiras, fundada e, 20 de março de 1916).

Durante o tempo em que esteve no Rio de Janeiro, nossa querida e naquela ocasião, enfermeira Marina Abrahão, voltou a Catalão diversas vezes. Em uma dessas visitas, realizou no mesmo dia, os partos da vizinha Mônica e da sua cunhada, Geny. Naquele dia, domingo de carnaval, nasceu a poetisa e ambientalista, Sandra Fayad. Em homenagem ao seu nascimento, Sandra escreveu e publicou em seu site de prosas e versos, a letra da música “Mamadeira de Tequila”. Confira no link: http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=359548

Em 1952, Mariana esteve licenciada do seu trabalho para cuidar do pai, já idoso e doente, que veio a falecer naquele mesmo ano. De família muito pobre – seu pai mascate, sua mãe dona de casa e tendo perdido totalmente a visão aos 40 anos de idade – Mariana assumiu a responsabilidade de cuidar dos irmãos, que não possuíam meios para alcançar um futuro promissor.

Minimamente estabilizada no Rio de Janeiro, a enfermeira começou a levar um a um dos irmãos para com ela morar. E como uma mãe zelosa faz, os encaminhou na vida estudantil e profissional. Chafi seguiu a carreira militar, Chafia, Geni e Sarah tornaram-se servidoras públicas federais, Norma casou-se e permaneceu na cidade e Jorge voltou para Catalão e exerceu as profissões de pedreiro, agricultor, caminhoneiro.

Com o passar dos anos, Sarah assumiu um cargo importante no Senado Federal, na recém inaugurada Brasília. Com isso, arrebanhou todos para a nova Capital, inclusive a enfermeira Mariana, que foi chefiar o Hospital Geral de Brasília no Setor Militar Urbano, onde se aposentou em 26 de junho de 1986.

Mariana foi dedicada á sua profissão por 49 anos e não teve filhos, nem se casou novamente. Teve relacionamentos amorosos muito discretos.

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Algumas curiosidades sobre Mariana Abrahão

1 – Mariana não gostava do próprio nome, tendo escolhido ser chamada por Marina.

2 – Suas irmãs sempre se queixaram da sua rigidez e a consideravam de gênio difícil, de convivência diária quase impossível.

3 – Mariana adorava cães. Teve muitos ao longo da vida. Quando morriam, ela os enterrava em cemitérios próprios para cães, com todos os rituais possíveis, mandava construir seus túmulos e ia visitá-los nos dias de finados.

4 – Seu irmão Jorge era visivelmente o preferido. Por ele fazia qualquer coisa, inclusive se indispor com a própria cunhada e com os sobrinhos.

5 – Por volta dos setenta anos de idade adotou uma sobrinha, filha do seu irmão Jorge, a quem deixou uma casa de herança. Foi tudo o que deixou de bens.

6 – Aos 96 anos percebeu que sua sobrinha bisneta, também Mariana  (**) (Mariana Franzoi ) tinha vocação para a profissão de enfermeira, conversou algumas vezes com ela a respeito da sua experiência, influenciando-a prestar vestibular para esse curso. Foi aprovada em 1º lugar geral, cursou o Mestrado e hoje é professora na área de Obstetrícia da Faculdade de Enfermagem, na UNB.

7 – Mariana Abrahão morou sozinha até o fim da vida. Aos 96 tinha apenas uma empregada mensalista. Viveu 97 anos, completamente lúcida, independente e com boa saúde. Sua morte deveu-se a uma queda da cama, em que fraturou a bacia.

8 – Era devota de Santo Expedito.

(*)apelido adotado em Catalão. Na verdade, sua mãe se chamava Harmy, mas como havia dificuldades para pronunciarem seu nome, ela própria escolheu ser chamada por Julieta, que era o nome da filha da primeira  amiga que fez na cidade. 

(**)nome  resultante da combinação dos nomes de seus pais Tatiana e Mariozan.

Fonte: Sandra Fayad Bsb

Fotos: Arquivos de Família.

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Certidão de Nascimento de Mariana Abrahão
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Certidão de Casamento de Mariana Abrahão com Moysés José Nazar
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Certidão de Casamento de Mariana Abrahão com Moysés José Nazar

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Diploma da Cruz Vermelha Brasileira

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Certificado de Habilitação de Mariana Abrahão

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Diploma da Medalha de Guerra
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Diploma da Santa Casa do Rio de Janeiro

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Certificado de Participação no Curso de Noções de Nutrologia
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Certificado de Participação no Curso de Epidemiologia
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Diploma de Amigo do Hospital de Guarnição de Brasilia.

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Mariana em Brasilia. Casa cedida pelo Hospital da Guarnição do Exército de Brasília, onde chefiava o Hospital

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FOTO: Os irmãos Abrahão: Da Direita para a Esquerda: Norma, Chafi, Jorge, Mariana, Chafia ( Sonia), Geni e Sarah

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FOTO: Mariana Abrahão ao lado do irmão Jorge, O Batuta, em 2005. Ao lado também da criançada como gostava de ficar nas festinhas de aniversário

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Certidão de Óbito de Moysés José Nazar
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Certidão de Óbito de Mariana Abrahão

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FOTO: Documento de duas páginas com elogios a trajetória de Mariana Abrahão

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FOTO: Documento de duas páginas com elogios a trajetória de Mariana Abrahão

 

 

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