Nova exposição da Casa Fiat de Cultura propõe reflexões sobre ambiguidades da maternidade e as transformações da perda

Como transformar e elaborar o luto? Como lidar com as ambiguidades de afeto da maternidade e todas as mudanças que vêm com ela? Essas e outras questões são temas em debate na nova exposição da Casa Fiat de Cultura. “O corpo que pariu, o corpo que partiu”, da artista Daniela Schneider, fica em cartaz entre 25 de abril e 11 de junho, na Piccola Galleria, e foi idealizada a partir da experiência da maternidade de seu primeiro filho, e de sua partida, cinco dias após o nascimento. São 5 esculturas em crochê, em tons de rosa e vermelho, que fazem referência a corpos – ora cheios, ora murchos; grávidos ou vazios, com ou sem vida –, e a partes do corpo. Um políptico de fotografias de uma performance também estará em exibição. Na abertura, a Casa Fiat de Cultura realiza um bate-papo virtual com a artista, no dia 25 de abril, às 19h, com inscrição gratuita pela Sympla. A mostra foi escolhida no 6º Programa de Seleção da Piccola Galleria.

A exposição nasceu, como conceito, em 2013, pouco depois da morte de Theo – primeiro filho da artista. Tudo começou com um pequeno diário, até que a escrita começou a ser transformada em um projeto visual. Cerca de 11 meses após a passagem de Theo, essas ideias começam a ganhar a forma de esculturas e performance, e, entre 2018 e 2022, Daniela, de fato, criou as esculturas feitas em tecido, com técnica de crochê. “Esse é um trabalho que fala sobre vida e morte. É autobiográfico, mas aborda os ciclos da vida de muitas pessoas”, analisa.

Entre as temáticas presentes na exposição, estão a maternidade, as situações sobre as quais não temos controle, as relações e os afetos. Para provocar questões individuais no público, as esculturas poderão ser tocadas, incitando um misto de sentimentos que partem de um processo íntimo da artista, mas, ao mesmo tempo, atinge tantas mulheres. Daniela explica que as obras também demonstram os momentos vividos com o Theo, com os medos e as dificuldades. Já as fotografias externalizam sentimentos, em movimentos que fazem alusão ao amor e à dor. “É sobre gerar e não ter controle de nada, mas poder decidir como seguir em frente diante de uma perda terrível.”

Para a curadora da exposição, a crítica de arte e psicanalista Bianca Dias, a mostra trata da questão e da maternidade que vai do eu ao outro, do íntimo ao político, configurando-se como uma travessia de estranha densidade poética, produzindo a vida como um texto, uma escritura, uma bordadura. “Não é um desenho da fronteira entre a vida e a morte, mas um litoral e, nesses limites tênues, a artista assimila a coragem de uma geografia rebelde, que se amplifica nas esculturas em tons de rosa e vermelho, como vísceras abertas ao mundo”.

Com a representação do imensurável, Daniela recria memórias, transforma a dor e a perda em trabalhos delicados e potentes. Ela ainda destaca que a mostra é uma celebração à memória do filho e uma homenagem muito significativa. “Theo teria completado 10 anos em fevereiro de 2023. Ter sido selecionada para expor na Piccola Galleria foi emocionante, e um fechamento bonito para esse ciclo, que segue marcando minha trajetória e toda a minha vida”.

A mostra “O corpo que pariu, o corpo que partiu” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Fiat e do Banco Safra, e copatrocínio do Banco Fidis e da Brose do Brasil. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.


Bate-papo de abertura

No bate-papo de abertura da exposição “O corpo que pariu, o corpo que partiu”, Daniela Schneider contará sobre sua trajetória como artista, suas inspirações e as técnicas utilizadas para criar as esculturas de crochê e as fotografias presentes na exposição em cartaz na Piccola Galleria. 

Ela falará, ainda, como foi seu processo de ressignificação da vida por meio da arte, numa conversa emocionante e inspiradora para um tema ainda tão pouco falado: a perda na maternidade. “Sobre gerar e não ter controle sobre nada, mas poder decidir como seguir diante de uma perda inesperada”, explica a artista, evidenciando como há tantas outras situações em que as pessoas não estão preparadas. Inscrições gratuitas na Sympla.

Bate-papo com a curadora

Já no dia 4 de maio, às 19h30, a Casa Fiat de Cultura realiza o evento presencial “Arte e recomeço: bate-papo com Daniela Schneider e Bianca Dias”. A artista e a curadora da mostra convidam o público para uma conversa sobre a exposição, que trata de questões do feminino, da maternidade, do luto e dos atravessamentos da arte, que, aqui, transfiguram a dor em invenção, além de ser uma forma de reconstruir relações e lidar com a perda sob nova perspectiva. O bate-papo é presencial, no hall da Casa Fiat de Cultura, com inscrição gratuita pela Sympla.

Sobre as obras

O trabalho de Daniela Schneider reúne heranças familiares. Apaixonada pelo crochê, que aprendeu com a mãe e a avó, ela propõe uma nova perspectiva para esse saber tradicional, criando esculturas que poderão ser tocadas pelo visitante. Em pontos que nascem a partir de outros pontos, assim como as gerações, a artista também reverencia as mulheres de sua família que vieram antes dela.

As obras são provocativas. As formas transitam entre o cheio e o vazio, na dualidade de carregar vidas ou não. Lembram órgãos, ou, até mesmo, o corpo inteiro, em especial o feminino. “É como me relaciono com o meu próprio corpo e, a partir do momento em que convido o espectador a interagir com a obra, tocando ou manipulando, tento despertar reflexões sobre os corpos físico e psíquico”, revela.

A mostra conta com uma série de 51 fotografias exibidas em um monitor, além de uma série de 5 esculturas em crochê, homônimas à exposição, em tons de rosa e vermelho.

Sobre a artista

Daniele Schneider vive e trabalha em Belo Horizonte. Formada em Artes Visuais pela Escola Guignard, em 2010, pós-graduanda em Arte Contemporânea na mesma instituição. Divide suas atividades entre ateliê e trabalho na Celma Albuquerque. Já participou de exposições coletivas na Mini Galeria, na Galeria Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes, no Coletivo 252 e, recentemente, no Museu de Artes e Ofícios de Belo horizonte. A artista trabalha com escultura e instalação, especialmente com arte têxtil. As esculturas criam uma relação com o próprio corpo da artista e do espectador, podendo ser tocadas e manipuladas. Sempre com formatos orgânicos, texturas de tecidos que remetem a órgãos e partes de corpos. Sua pesquisa tem relação, sobretudo, com o feminino, as dores e as perdas. Recentemente, tem ampliado suas pesquisas para fotografia, vídeo e performance.

Piccola Galleria 

O espaço é destinado a artistas da cena contemporânea e foi criado em 2016, com o intuito de incentivar a produção nacional e internacional. Os artistas são selecionados por uma comissão de especialistas, que, nesta 6ª edição, contou com o artista e curador Raul Córdula; o doutor em Arte e Cultura Visual, João Paulo de Freitas; e pela artista visual, curadora, educadora e gestora cultural, Fabíola Mendonça.

A proposta é apresentar e destacar trabalhos inéditos – pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, fotografias, instalações, performances e/ou videoarte – de artistas locais, brasileiros ou estrangeiros. Além de Daniela Schneider, outros cinco artistas foram selecionados na 6ª edição, e serão exibidos na programação de 2023 e 2024.

Nesta edição, o processo de seleção foi realizado de forma 100% online. Além de agilizar o processo de inscrição, o formato permitiu que pessoas de todo o Brasil participassem, somando quase 300 inscrições, de todas as regiões do país. 

As exposições selecionadas no 6º Programa de Seleção da Piccola Galleria são exibidas em um espaço da Casa Fiat de Cultura voltado ao incentivo permanente de expressões artísticas e contam com ações do Programa Educativo, desenvolvidas em conjunto com a curadoria de cada mostra. São realizadas visitas mediadas para públicos agendados e espontâneos, além de ações especiais de comunicação em todos os canais da Casa Fiat de Cultura. A mediação é feita com recursos de acessibilidade, para ampliar o acesso do público e visibilidade dos artistas.

Nas cinco edições já realizadas, o Programa de Seleção da Piccola Galleria apresentou o trabalho de 28 artistas, abrigou mais de 300 obras e recebeu um público de 400 mil pessoas. A sala expositiva é um ambiente dedicado às artes visuais e sua criação marcou os 10 anos da Casa Fiat de Cultura. Situada ao lado do painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari, no hall principal da Casa Fiat de Cultura, o pequeno recinto é destinado a exposições de curta duração, mas com toda a visibilidade que a instituição enseja. Local intimista e com grande circulação de público, conta com a chancela da Casa Fiat de Cultura e do Circuito Liberdade, um dos mais importantes corredores culturais do país.

A Casa Fiat de Cultura

A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. Mais de 70 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 17 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 3,5 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 600 mil participaram de suas atividades educativas. 

SERVIÇO

Exposição “O corpo que pariu, o corpo que partiu”, de Daniela Schneider, na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura
Período expositivo: 25 de abril a 11 de junho
Visitação presencial: terça-feira a sexta-feira das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h(exceto segundas-feiras)
Tour virtual no site: www.casafiatdecultura.com.br

Abertura da exposição: bate-papo virtual com a artista Daniela Schneidee
25 de abril, das 19h às 20h, trasmissão ao vivo, com ingressos gratuitos  pela Sympla: https://bit.ly/BatePapoDaniela

Arte e recomeço: bate-papo com Daniela Schneider e Bianca Coutinho
Bate-papo presencial com a artista e a curadora
4 de maio, às 19h30, no hall da Casa Fiat de Cultura
Evento presencial gratuito, com inscrição pela Sympla
https://bit.ly/ArteRecomeco

Casa Fiat de Cultura
Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MM
Horário de Funcionamento:
Terça-feira a sexta-feira, das 10h às 21h
Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h

Informações
www.casafiatdecultura.com.br
casafiatdecultura@stellantis.com
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