O casal de festeiros da 128ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário do Catalão – Willian da Silva Moraes e Nivalda Maria de Moraes

Festeiros da 128ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, Willian da Silva Moraes e Nivalda Maria de Moraes realizaram com muita animação e intensidade uma festa que atraiu centenas de pessoas de toda região. Para William, uma experiência marcante que ficará guardada para o resto de sua vida. “Certo dia, bateu na porta de casa o convite para ser o festeiro de 2004 e a principio não aceitei, depois de uma reunião familiar concordei. Trabalhamos vários anos antecedentes em algumas comissões da festa e isso apesar de ser uma motivação, também nos mostra não ser uma festa fácil de ser realizada. Depois de muita conversa, junto à dedicação e a Fé que temos em Nossa Senhora do Rosário, eu e minha esposa aceitamos o desafio. Daquela época até hoje digo a todos, foi uma benção que recebi de Nossa Senhora, pois mudou minha vida em todos os sentidos. Hoje, sinto-me honrado por ter sido festeiro e trago comigo toda a nossa comissão, porque se antes éramos amigos, hoje somos muito mais. Existem aquelas pessoas, que infelizmente, foram morar com Deus, mas os familiares, bem como o restante da comissão são amigos inseparáveis”. O ano de 2004 se tornou marcante para os catalanos e adoradores da festa do Rosário, pois as Congadas de Catalão foi destaque no Jornal Nacional da Rede Globo. Uma reportagem mostrou como é a realeza de uma das mais ricas manifestações folclóricas e religiosas do país. Para fazer a matéria, que fez parte de uma série especial do quadro Identidade Brasil, o repórter Marcelo Canellas e o cinegrafista Lúcio Alves estiveram em Catalão registrando depoimentos e imagens.

 

Na série sobre manifestações culturais que nem todo brasileiro conhece bem, os repórteres Marcelo Canellas e Lúcio Alves mostram uma festa que começou pagã, conquistou a igreja e se organiza em uma hierarquia semelhante à militar: a congada.

 

A Congada tem a batida de uma senzala. É um ritual de divindades tribais. Mas no fim do século 19, a igreja já fez parte da festa. Começa com muita reza, mas logo aparecem as fitas e os bastões

No princípio, era como um grito fugido. ‘Eles começavam a fazer cânticos de lamentação, lembrando sua terra natal, de saudade da terra, e cantando os costumes e as tradições deles’, explica o folclorista Antônio Bigu da Silva.

A batida da senzala. ‘Dizem que cada ritmo desses veio de uma parte da África’, conta o folclorista. Ritual de divindades tribais.

Mas, no fim do século XIX, a igreja já fez parte da festa. Naquele tempo, os fazendeiros vinham do interior e passavam dez, quinze dias na cidade de Catalão, abastecendo suas carroças com mantimentos e ferramentas.

Durante esse período, eles permitiam que os negros festejassem. Mas tinha que ser uma festa católica, só deles e para uma santa só deles: Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Anos depois, até construíram uma igreja para isso.

Terços e novenas. Missas campais. A congada começa com muita reza. Mas logo aparecem as caixas, os bastões, as fitas. Sim, é festa religiosa. ‘A religião fica dentro da igreja e o folclore, na rua’, diz o capitão de congo Lázaro da Silva.

E a rua ferve com as virtudes dos ternos de congo. ‘Vontade, habilidade e fé’, enumera ele.
E todo terno obedece a uma disciplina meticulosa.

‘Todo comando tem um general, não tem? Então, é assim que funciona. É igual no Exército. É rígido. Aqui é o quartel para nós guardarmos os soldados’, compara Lázaro.

Quartéis são os terreiros de ensaio e cada quartel tem seu capitão. Na hierarquia da congada, um pedreiro é o chefe supremo.

‘Fui consagrado rei da irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Isso é passado de pai para filho. É a mesma coisa de um reinado normal’, explica Eurípedes I.

O rei congo de Catalão se prepara para a festa com a família real. A rainha-mãe do congo, Carolina Rita, doente, já não desfila, mas não esquece a nobre sensação que contradiz a dura vida de plebéia.

‘Eu me sentia rainha mesmo. Não tinha nada a ver comigo. Era muito respeitada, muito querida, graças a Deus. Não tinha nada a ver, porque eu me achava mais superior do que eu sou’, sabe ela.

Estranheza que se reproduz em cada terno. Do rei ao soldado. ‘Porque nós também que somos dançador, que somos soldados, quando a gente está no nosso íntimo ali dançando, a gente se transforma. Você acha que você é um artista, você se comporta como uma pessoa muito importante dentro da comunidade’, observa o folclorista Antônio Bigu da Silva.

Se sentir importante e se saber importante é tomar o poder da festa. É o que faz o povo da congada, na realeza do rei-pedreiro.

‘Hoje dança o branco, dança o negro. Tornou-se uma festa tradicional e típica do nosso país. Nós moramos em um país tropical, onde a mistura de raças é predominante. Ela é típica realmente do Brasil. Tem a cara do Brasil, a nossa festa’, afirma o folclorista.

FONTE: http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA861507-3579-222582-21901,00.html

OBS.: Na página do Jornal Nacional, encontre a série IDENTIDADE BRASIL na galeria de vídeos e clique sobre a imagem de Nossa Senhora do Rosário.

FOTO: Preparação das caixas de Congo – Terno do Prego

FOTO: Bandeiras Vilão de Santa Efigênia

FOTO: Biscoitos para o Café da manha dos congos

FOTO: Levantamento dos Mastros

FOTOS: Missas celebradas no decorrer da festa de 2004

FOTOS: Entrega da Coroa

 

 

Pesquisa e produção; Maysa Abrão ano 2015, Revista Portal VIP, direitos reservados.

FOTOS: Museu Histórico Municipal Cornélio Ramos; Museu da Congada, Catalão, Goiás; Arquivo pessoal dos festeiros; Livro “Catalão Festas e Tradições”, de Claudio Arouca