Recordações da Academia Catalana de Letras – A colônia árabe no Catalão

A Academia Catalana de Letras recorda que, Catalão era um oco de mundo quando foi invadido pelos sírios que vieram, ficaram e ajudaram a construir o progresso do município. Com esses imigrantes estrangeiros, a atividade comercial foi germinando e se tornando um fator a mais no processo de civilização regional.
Geralmente os sírios começavam como mascates, às vezes a pé, malas às costas, visitando sítios, arraiais e fazendas. Eram tratados erroneamente como “turcos”. Com o tempo, abriam uma lojinha modesta em ponta de rua e, mais tarde, na esquina das praças onde vendiam tecidos, rapaduras, ferragens, grãos, armarinhos, cachaça, sal, arame farpado e um punhado de quinquilharias. Tudo em perfeita desordem nas prateleiras ou amontoados no salão do estabelecimento. Quase sempre uma loja bem grande e com muitas portas de acesso.

O comerciante sírio se dedicava inteiramente ao negócio e a sua vida transcorria no balcão. Muitos se arriscavam no setor industrial e surgiam as máquinas de beneficiamento de grãos por toda a cidade. À medida em que enriqueciam, suas residências, quase sempre nos fundos ou ao lado das lojas, iam se mostrando mais amplas, mobiliadas à moda da época, de fato, as maiores e melhores casas da cidade.

As famílias dos imigrantes árabes, muito dedicadas ao lar, mandavam os filhos varões para os melhores colégios e não descuidavam da rígida educação das filhas. Integravam-se à cultura local, batizavam os filhos, faziam contribuições filantrópicas, viravam compadres e comadres dos filhos da terra e incluíam o feijão com arroz no cardápio diário. Em contrapartida o quibe também passava a figurar na cozinha de famílias catalanas.

O fenômeno, que foi considerado como “invasão dos árabes”, ocorreu em todo o centro-sul de Goiás alavancado pelos trilhos da estrada de ferro que se alongavam pelo interior do estado.

Para se ter uma ideia, na década de 1930, Pires do Rio já contava com uma colônia siria, liderada por David Abdalla, que possuía uma fábrica de manteiga e outra de beneficiamento de grãos. Em Anápolis, o sírio Miguel João também operava no ramo de comercialização de grãos, negócio compartihado pelo seu conterrâneo e concorrente Michel Isac. Em Vianópolis, a atividade comercial e industrial estava nas mãos da empresa dos árabes José Tasso e Cia. Em Jataí, o sírio Jorge Zaidem gerenciava um grande estabelecimento no centro da cidade. Em Ipameri, na mesma época, residiam varios industriais sírios, entre eles, William Cosac, Jorge Elias e José David & Irmãos. Em Pouso Alto, Miguel Jacob Daher possuía uma fábrica de manteiga e, em Buriti Alegre havia outra do árabe Salim Cecílio Cheibuna. Em Goiandira, Gabriel Assad Carneiro, Jorge Ilde e Elias Jorge dirigiam vários empreendimentos nos setores do comércio e da indústria. Em Cumari, Moisés Abrahão vendia diariamente uma considerável produção de arroz beneficiado pela estrada de ferro. Por fim, em Anhanguera, o sírio Antonio Jonas tinha uma bem montada fábrica de manteiga.

Em Catalão, os empreendimentos da colônia árabe foram muitos e bastante diversificados. Além do que, a imigração siria por aqui foi bem mais expressiva. Merece um demorado e detalhado capítulo.

A boa notícia é que o catalano Amin Farid Safatle está elaborando um livro sobre o assunto. Amin, um descendente sírio, é engenheiro civil e escritor. Quando estudante, criou o belo projeto de urbanização da praça da velha Matriz, executado pelo prefeito Paulo Hummel e concluído na gestão de Leovil Evangelista da Fonseca.

Como escritor, Amin Safatle publicou o livro “O casarão do Largo da Matriz” que traz registros importantes, além de deliciosas memórias, sobre a sua família. Neste ano, tudo indica que seremos brindados com mais um livro de Amin Safatle. Desta feita, com depoimentos de vários ramos familiares de imigrantes árabes. Catalão merece esse importante resgate da memória.

FOTO: Típica casa comercial de sírios em Catalão (Década de 1940).

FOTO: Largo da Velha Matriz em Catalão. (Livro de Amin Safatle)

FOTO: O prefeito Paulo Hummel e Amin Safatle nas obras da praça da Velha Matriz (1965).

FOTO: Foto recente da praça da Velha Matriz. (Reprodução)

FOTO: Livro do escritor Amin Safatle.

Luís Estevam

 

 

 

 

 

 

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