Série Artistas na Vila exibe episódio com muralista Wes Gama

Cobertura, disponibilizada no canal “Secult Goiás” no YouTube nesta segunda-feira (15), traz os bastidores da pintura de duas empenas no Centro de Goiânia e o desejo e desafios em tornar a capital uma referência em arte urbana

 Novas empenas se tornaram uma espécie de cartão postal do Centro de Goiânia, com diversos registros fotográficos circulando pelas redes sociais

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult Goiás), exibe, nesta segunda-feira (15/02), episódio com o artista Wes Gama, autor de duas empenas multicoloridas que, desde novembro do ano passado, vêm despertando a curiosidade de quem passa pela região da Rua 3, no Centro de Goiânia.

O documentário registra o cotidiano e os processos criativos da obra com a exibição de imagens sobre vários ângulos e perspectivas, além de entrevistas e depoimentos do próprio artista, curadores, produtores e moradores do centro da capital, que falam da contribuição, importância histórica e artística, do impacto das obras em suas vidas e na paisagem urbana do centro de Goiânia.

A primeira pintura a ficar pronta, batizada de “Andança”, cobriu 780 metros quadrados do edifício Alencastro Veiga. Até o momento, esta é a maior empresa do Centro-Oeste. Foi realizada dentro do projeto Manifesto Urbano, de forma independente, com recursos do próprio artista e da produtora cultural Valenta.

Já o segundo, inspirado em uma fotografia da mãe de Wes, recebeu o nome de “Iara Cabocla”. Possui 250 metros quadrados e foi pintado em uma das torres do Edifício Dona Chafia. A outra torre que compõe o projeto é assinada pelo coletivo Bicicleta Sem Freio (BSF) e retrata o ícone Geraldinho, conhecido contador de causos. Ambas foram patrocinadas pelo projeto Esmera de Goiás, também com produção da Valenta. Os projetos foram completamente finalizados neste mês de fevereiro.

O objetivo do projeto é ocupar o centro da cidade com artes em grande formato, para valorizar a memória coletiva local sobre cultura, arquitetura e história. “Tivemos autorização de alguns edifícios, porém, na fase de viabilidade técnica para instalação de maquinário, muitos não eram viáveis devido à infraestrutura dos prédios, que são mais antigos”, explica a produtora cultural Larissa Pitman Wes, idealizadora e realizadora da iniciativa, esposa do artista.

Força tarefa para presentear a capital

Em ambos os trabalhos, o artista pintou cerca de oito horas por dia, por mais de 15 dias – sem considerar o período chuvoso que interrompeu os trabalhos por mais de duas semanas.

Ao todo, a criação do mural Andança contou com o envolvimento de 16 profissionais, entre artistas (para ajudar a cobrir de cor a obra), engenheiros, fotógrafos, intérpretes de libras, designer e assistentes de produção. “Além do fomento ao comércio local, como tintas, estruturas de maquinário, alimentação, etc”, completa Larissa. Segundo ela, a equipe de artistas passou pelos devidos treinamentos para atender às normas de segurança e a legislação.

O artista e sua inspiração

Wes Gama transmite a sua mensagem de forma descomplicada, como seus próprios traços, que buscam a simplicidade das formas e o contraste das cores que se dividem como mosaicos entre luz e sombra.

“É para as pessoas comuns, como uma senhora que passa por aquela rua e vê a pintura e se identifica, porque vê o filtro de barro, a saia de chita”, afirma Wes, se referindo à empena Andança. Ele conta que vem da infância na fazenda e da vida simples sua principal fonte de inspiração para as composições, sempre com forte cunho regionalista e com elementos da flora e fauna do sertão goiano.

“Em minhas obras, busco representar os povos e culturas que têm uma relação de equilíbrio com todo esse organismo Terra que somos, e são esses povos que resistem e ainda lutam para um modelo de sociedade sustentável e socialmente justo”, pontua o artista.

Wes Gama realiza intervenções urbanas desde os anos 2000 e, apesar de sua forte ligação com a capital goiana, ainda não tinha realizado, aqui, obras desta proporção. Natural de Uruaçu, interior de Goiás, ele vive em Goiânia desde os 7 anos de idade, onde iniciou e consolidou sua carreira artística como muralista e grafiteiro.

Em 2016, uma obra sua em um edifício em Curitiba (PR) fez parte dos murais selecionados para representar as Olímpiadas no Brasil.

Projeto “Galeria de Arte Pública”

Por meio da Valenta, primeira no ramo especializada em arte urbana, Larissa Pitman Wes espera trazer muitas novidades para a cena urbana em Goiás já a partir deste ano, pois seu projeto “Galeria de Arte Pública – Festival Latinoamericano de Arte Urbana” foi aprovado na Lei Rouanet e encontra-se na fase de captação de recursos.

Segundo ela, muitos artistas migram para o eixo sudeste ou até para fora do país para tentar visibilidade e oportunidade de pintar em novos projetos, por isso o foco da Produtora Valenta é, além de fomentar o cenário da arte urbana do Estado, capacitar os artistas locais para projetos da magnitude e relevância das empenas da Rua 3.

Fotos: divulgação

Fonte: Secult – Governo de Goiás