Vilão de Santa Efigênia Por Paulo Hummel Jr

Importante festa popular do folclore brasileiro, a Congada é fruto do sincretismo religioso proveniente da fusão de elementos culturais africanos (principalmente do Congo e de Angola) misturados com portugueses (cristãos). Apresenta-se em forma de procissão ou desfile e, em Catalão, onde é comemorada desde 1876, é marcada por danças, cantos e músicas. Nossa Senhora do Rosário é a homenageada e o padroeiro é São Benedito.
O terno Vilão de Santa Efigênia, criado por Joaquim Coelho da Silva e por Antônio Severino, em 1948, é um dos mais antigos da nossa cidade. Ambos eram originários de Campo Belo-MG, onde já participavam das congadas e vieram juntos para Catalão em 1936, para trabalhar na fabricação de dormentes, destinados à ferrovia, na Fazenda Reborjão, de Francisco Cassiano. Em seguida, Joaquim foi trabalhar com o Teobaldo Aires, no mesmo serviço, antes de se transferirem para a Fazenda Patrocínio, de João Hummel, onde permaneceu por 29 anos, fazendo serviços diversos.
FOTO: Sr. Joaquim Coelho
O Sr Joaquim Coelho, casado com Alvina Maria de Jesus, foi o Capitão do terno até 2002, quando faleceu, tendo transferido três meses antes o comando do grupo ao filho Lázaro Joaquim José da Silva, que veio para Catalão com 5 anos de idade, acompanhando a família. Seus pais tiveram ainda os filhos Terciliana (Fia), Expedito, Francisco, Abissair, Maria e Aparecida de Fátima.
Lázaro se alfabetizou na escola da Dona Lorita e Maria, perto de onde hoje é a Praça Duque de Caxias. Para chegar à escola, fazia um percurso de aproximadamente 6 km, a pé, usando “precatas”. Viveu com os pais até os 18 anos, tendo trabalhado na Charqueada de Leovil e do Genervino e, na entressafra, fazia dormentes para o Sebastião de Pádua e para o Samir Esperidião. Trabalhou com o Paulo Hummel ajudando no transporte de tijolos, areia, pedra, madeira, onde aprendeu a dirigir caminhão, com o auxilio do motorista Tarcísio.
Lázaro é casado desde 1964 com Lurdes Inácio Lemos, sem filhos.
FOTO: Sr. Lazaro
Quando o Paulo Hummel assumiu a Prefeitura, foi o Encarregado do Maquinário e depois o acompanhou na Madeireira Vale do Paranã, em Brasília. Trabalharam juntos também em uma Serraria do PH e teve ainda diversos outros empregos, como motorista de empresas privadas ou do governo.
Após a morte do pai, o cunhado Eurípedes Severino, marido da irmã Maria do Rosário, fundou o Vilão Santa Efigênia II, por eles comandado, com os quais mantém bom relacionamento.
 
FOTO: Eurípedes Severino                                                                                                         FOTO: Maria do Rosário
As despesas do terno sempre foram custeadas pelos próprios participantes. A partir do Governo do Sílvio Paschoal, a Prefeitura passou a doar as roupas dos dançadores. Durante o Governo do Marconi Perillo, o Estado ajudou com a quantia de R$ 5 mil por festa, destinados à aquisição de fardas e à manutenção dos instrumentos musicais do grupo. Hoje a Prefeitura continua doando os R$ 5 mil por festa, com o mesmo objetivo.
Durante os ensaios e os três dias de desfile, os próprios integrantes do terno arcam com as suas despesas com deslocamento e refeição, à exceção do jantar do último dia da festa, oferecido a eles, seus familiares e amigos pelo Capitão do grupo.
Na última festa, o Vilão Santa Efigênia contou com 84 integrantes, dos quais 30 eram dançadores (somente homens), e o restante geralmente constituído por mulheres, que são as bandeirinhas. Além do Capitão, o terno tem ainda o 2º Capitão. Eles são os responsáveis pela manutenção do ritmo (“cada terno tem seu próprio batido”) e pelo oferecimento dos cantos, feitos de improviso, que são respondidos pelos demais integrantes do grupo.
Os dançadores batem seus bastões, que chamam de manguara, fazendo apartes com batidos de facões. Os instrumentos musicais utilizados pelo Vilão são quatro caixas de couro cru (65x65cm) e por um acordeão.
A farda dos dançadores é composta por calça preta e camisa de mangas compridas na cor rosa. As bandeirinhas usam saia preta com blusa e boina rosa. Elas também portam bandeiras, que representam Nossa Senhora do Rosário (simbolizada pela cor rosa) e São Benedito (pela cor preta).
As Congadas de Catalão contaram, no último evento, com a participação de 24 ternos da própria cidade e com um grupo de Goiânia. Eventualmente, o Vilão de Santa Efigênia participa de festa em outras localidades, sem remuneração.
As organizações privadas não patrocinam os ternos que, como se vê, ainda têm pouco apoio da municipalidade, apesar do vulto que representam para as nossas tradições. Sobrevivem pelo esforço e o empenho de poucas pessoas, além da Associação que os unem. Merecem mais.
FOTOS: Último Ensaio do Congado de 2014