Catalão em luto: Morre aos 76 anos o fotógrafo Sebastião da Silva, o “Bomba”

Profissional que registrou boa parte da história de Catalão, Sebastião da Silva, o “Bomba” morre neste dia 19 de dezembro, aos 76 anos de idade

 

Filho de Pedro Felisberto Pereira e Caliméria Cândida da Silva, o fotografo Sebastião da Silva, popularmente e carinhosamente chamado de “Bomba”, nasceu no dia 07 de setembro de 1939. Natural da Zona Rural deste município, foi na roça que, teve a infância compartilhada com mais sete irmãos. Aos 10 anos, veio com os pais para Catalão e aqui estudou na extinta Escola Paroquial São Bernardino de Siena. De família pobre e sem recursos, precisou interromper os estudos para começar a trabalhar. Seu primeiro trabalho foi no Frigorífico Santa Terezinha, dos Irmãos Rocha, e por ter um físico avantajado (desde pequeno foi muito forte) já realizava serviços de adulto. Assim conta Roberto Rocha, em seu livro “Entrevista”, publicado em 2011. “Aos 18 anos começou a praticar o fisiculturismo, e a conviver com praticantes da luta livre, mas nunca participou e achava as lutas uma encenação. Ainda criança frequentava as matinês do Cine Real, único entretenimento da década de 40 e 50, para ver os filmes do Tarzan. Seu grande ídolo foi o Boy, filho do Tarzan, vivido pelo ator Johnny Sheffield. Por causa da semelhança física com o ator, que ao crescer saiu do filme de Tarzan e filmou uma série de filmes, no personagem “O Bomba, o filho das selvas”, ele ganhou o apelido que carrega até hoje”, relata Roberto.

 

fisio         Bomba é o quarto da esquerda para a direita

 

Em 1962, casou-se com Sebastiana Claudina da Silva, ou simplesmente Tianinha e do matrimonio nasceram Sebastião da Silva Júnior, Mara Lúcia, Elma Lúcia e Vera Lúcia. Roberto Rocha conta ainda que, após aprender seus primeiros contatos com a fotografia, com “Zé de Brito” e “Júlio de Melo”, em meados de 64, o fotografo já estava com o estúdio Foto Planalto Bomba em pleno funcionamento. “No edifício Heloisa, (prédio da Iraci) funcionava o Banco do Planalto, de Belo Horizonte, onde lhe cederam duas salas para montar o “Foto Planalto – o Bomba”. Nome que escolheu em agradecimento ao Banco, pelo favor e pelo apelido que já era conhecido e lhe agradava. Funcionou 39 anos neste local, sendo em uma determinada época, o mais equipado da cidade. A Goiasfertil foi sua melhor parceira, lhe oferecendo todo o acompanhamento do projeto fotográfico, dando assim, condições para crescimento e reforço como mídia. Acompanhou todos os eventos cívicos, esportivos e sociais neste período, numa época, em que seu único concorrente era o lendário “Zé de Brito”. Em seu estúdio tinha um quadro, que ficava as fotos de cabeça para baixo, de quem encomendava um serviço e não procurava”, revela Roberto Rocha.

 

20110519074328             Bomba e Tianinha no dia do seu casamento no ano de 1962. A dama Linda Maria e o pajem Levi Martins

 

Por ter curso de desenho artístico, onde fazia fotos maravilhosas retocadas à mão em preto e branco, às vezes retocava na chapa e no negativo e o resultado agradava. Ia sempre a São Paulo, onde bisbilhotava o meio, conversava e aprendia com grandes fotógrafos. Participava também de grandes congressos e conquistava espaço e reconhecimento, sempre priorizando a qualidade do serviço. Ganhou fama registrando casamentos. Fotografou também alguns famosos como Ademar de Barros em visita a Catalão e o médico cardiologista, Zerbini, quando veio para inaugurar o hospital São Nicolau. Teve a felicidade de fotografar o Dr Willian Faiad recompondo o tubo digestivo de uma jovem e a construção da Goiasfértil, hoje Vale S.A.

 

Na obra de Roberto Rocha consta que, com o surgimento da tecnologia, dos laboratórios digitais e o grande número de fotógrafos, ele aposentou para curtir sua família em uma chácara na beira do Lago. “Em 1977, comprou um Corcel 76, com uma cor que se define entre o azul e o verde. Conserva-o com carinho e sua filha vai restaurá-lo para permanecê-lo na história da família. “Sempre fui conservador, gostei demais do corcelzinho, eu dentro dele já sei o que fazer””. Roberto descreve o amigo, como um homem carismático e afetivo, sempre sorridente, cumprimentava as pessoas amigas com um aperto de mão tão forte, que parece que iria triturá-la. Apesar de sua vantagem física, sempre foi uma pessoa passiva e educada, contra a violência, por isso conquistou vários amigos e o respeito em nosso Catalão. “Em uma ocasião, o Banco do Brasil, forneceu-lhe um talão de cheque de Sebastião Silva, e ele distribuiu cheques, inclusive em Goiânia, quando mais tarde voltando os cheques, descobriram que era outro Sebastião Silva. A partir deste episodio, que deu muito trabalho para corrigi-lo, ele acrescentou o “Bomba” nas folhas do talonário. Sempre praticou esporte, futebol soçaite, de salão e pesca, mas em dezembro de 2008, sofreu uma hidrocefalia que o afastou dos esportes”, dita Rocha.

 

Bomba foi um dos mais tradicionais fotógrafos de Catalão e durante mais de 40 anos, construiu um grande acervo histórico, onde captou por suas lentes muitos momentos da cidade e das famílias da época. Deixou o ofício de fotografar em 2004, mas seu trabalho jamais foi esquecido, pois é reconhecido e valorizado por muitos historiadores e amantes da nossa historia, como eu, Maysa Abrão, Roberto Rocha, Pidim e Sylvim Netto.

 

f4                  O fotógrafo Bomba posando ao lado de sua motoneta da marca italiana Piaggio, modelo Vespa

 

FOTOS: Revista Portal VIP, Arquivo Pessoal e Blog Nosso Catalão.

FONTE: “Entrevista” de Roberto Rocha, publicado em 2011.

Revista Portal VIP, Edição Especial 155 Anos de Catalão, de 2014.

Jornal O Catalão, de 2 a 8 de agosto de 2009.

Blog Nosso Catalão, de Sylvim Netto.