PARA OS SAUDOSOS COMO EU…

Hoje decidi trocar a caminhada de todos os dias por uma “andada” por minha cidade, que já bocejava na brisa fresca e céu limpinho! A gente não vê e não vive, quando só anda de carro.

Voltei pra casa 1 hora e meia depois, com a certeza de que, por mais que viaje o mundo, é aqui que quero viver.

Apesar de todos os problemas, trânsito, violência, buracos, mandos e desmandos…tenho orgulho de viver aqui!

A vida não é feita do agora – tenho no coração uma colcha de retalhos (que hoje chamam de patchwork), que começou a ser costurada muito antes do paralelepípedo. Como dizia Neruda “Ainda chove dentro de mim, como há 60 anos em Temuco”.

E assim é que mirei tristonha a escadaria da Escola Paroquial, que agora é azul…(Prof. Chaud não ia gostar…)

Visitei a Barriguda, perto do CRAC, que tombada está para sempre. Pensando em Nilson, João e tia Maria, margeei o Estádio ouvindo o primo Girafa gritar Goooool!

Que vontade de parar na vó Tereza para um café com prosa…Por ali não havia Bretas.

Tinha Maria Semirames! Agora tem até prédio alto (ainda compro um apartamento de Paulinho Hummel)!

Numa esquina vivia uma senhora que me chamava de “gata do cerrado” – só porque eu era pobre, morava acima dos trilhos e namorava o filho dela…Esses meus olhos verdes me renderam muitas serenatas mas ganhei esse apelido.

Parei para ver encantada o Batalhão de Bombeiros – perfilados recebiam no pátio alguma instrução. Foi aí que depois de tantos anos, atravessei a pé a Rua da Cadeia, deserta e pequenina.

Uma paz a 20 de Agosto sem trânsito e sem pedestres!

E a Rua Estreita, pedaço de meu mundo e palco de meus sonhos?!?

Passei pela casa de Júlio de Melo, de dona  Mônica e “Nofre”, de onde viveu Jorge, O Batuta…

Fiz uma vez mais o “Vai e Vem” na Praça Getúlio Vargas…sem Cine Real, sem salão do CRAC.

Chico do Irapuã, Loja do compadre Osires, nem Bar das Vitaminas…

E ainda descobri que temos uma pizzaria grande chamada Costelinha (só eu que não sabia?!?) e um Bar chamado Balacubacu! Eta Catalão!!!

Falta muito para andar, ver e recordar.

Enquanto quase todos dormiam, eu costurava mais um quadrinho na minha colcha. E pensar que considerei me mudar pra longe quando decidi por minha “carreira solo”!

Vou embora nem! Viver aqui é bom demais!

Todos os dias tomo posse de meus planos! Segundo Nietzsche, não fazê-lo é deixar a existência ser um mero acidente!

Bom dia, minha terra!

Shirley Horta

 

 

 

FOTO: Barriguda em Catalão

FOTO: Caricatura Jorge, O Batuta

FOTO: Um dos prédios Paulo Hummel – PH Construção e Incorporação Ltda

FOTO: Escola Paroquial São Bernadino de Siena 

FOTO: Cinema “CINE REAL”

FOTO: Salão de Festas do CRAC

FOTO: Estadio Genervino da Fonseca – CRAC

FOTO: Rubens Girafa 

FOTO: Francisco Alves de Sousa – Chico do Irapuã

FOTO: Rua Estreita – Casa de Júlio de Melo, de dona  Mônica e “Nofre”, de onde viveu Jorge, O Batuta

FOTO: Vó Tereza


FOTO: Shirley Horta e afilhados – Reprodução https://www.instagram.com/shirlinhayes/