Recordações da Academia Catalana de Letras – A casa que foi vista como assustadora e amaldiçoada por mais de meio século

A Academia Catalana de Letras recorda que, na esquina da Av. 20 de Agosto com a Rua Bernardo Guimarães, existe uma casa que foi vista como assustadora e amaldiçoada por mais de meio século. Os fatos estranhos começaram a ocorrer em 1862, logo depois que o escritor Bernardo Guimarães deixou aquela morada. O imóvel pertencia a uma senhora idosa, de formação religiosa muito rígida, devota do “Senhor dos Passos”. Como não possuía herdeiros assinou um testamento, ao falecer, deixando a casa, como herança, ao santo de sua devoção. Mas, um chefão político da época não concordou e reivindicou para si a propriedade. Contratou um famoso advogado de Paracatu, conhecido como Pássaro Preto, que não temia mover ações contra santos e nem igrejas. O negro rábula, no entanto, não conseguiu anular o testamento da falecida, porque sentiu um mal súbito, caindo morto no chão, bem no portão de entrada da casa. O político não desanimou e acabou ganhando a propriedade na justiça. Ricardo Paranhos relatou que a herança foi maldita. Primeiro, a casa foi alugada para um alferes da polícia, acompanhado da esposa e duas filhas. Em pouco tempo, o soldado sofreu um ataque apoplegico ficando inteiramente paralítico. A mulher e as filhas caíram na prostituição, deixando -o em completo abandono até morrer. A vítima seguinte foi um tal de Francisco Faustino que passou a residir naquela velha casa. Uma tarde, estava ele na janela, quando um escravo, que o odiava, cravou-lhe nas costas um espeto de ferro, matando-o. O próximo morador foi um fazendeiro, que viera da roça com a família, para colocar os filhos na escola. Logo, em consequência de um “bicho de pé”, que se inflamara, veio a gangrena e o levou. A casa foi, então, vendida a um comerciante que ali se estabeleceu com uma sortida loja. Dentro de pouco tempo faliu, ficando reduzido a nada. Revendeu o imóvel por uma ninharia e se mudou. O novo comprador mandou benzer a casa, enfrentando a maldição, mas acabou louco varrido perambulando pela cidade. Mesmo o antigo chefão político, que havia se apropriado do imóvel, foi perdendo prestígio e acabou na miséria. Os moradores de Catalão, que cruzavam aquela esquina, faziam o sinal da cruz e apressavam o passo. Até o andor da procissão do “Senhor dos Passos”, quando passava frente à casa, pesava tanto, escreveu Ricardo Paranhos, a ponto de ser necessária a ajuda de mais pessoas a suste-lo, para a imagem não cair. Mas, com o tempo, assim como surgiu, a herança maldita desapareceu. Hoje a casa é uma bela vivenda e um cartão postal de Catalão.

Luis Estevam

 

 

 

 

 

 

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