Entre tantas viagens que fiz de caminhão de Catalão para São Paulo, capital, e para Santos-SP, houve uma que quero ressaltar. Em 1956, quando eu possuía um caminhão melhor, fazia uma viagem por mês para a fábrica dos Farid, levando manteiga em latas de 05 e 10 kg.
Às vezes eu pegava um pouco da carga aqui em Catalão, outra parte em Água Limpa e de lá, passando por Itumbiara, seguia até Uberlândia-MG e dali até São Paulo.
Quando estava para completar a carga, em Água Limpa, fazendo a contagem de toda a mercadoria que entrara no caminhão,...
Estranhamente, quando já avistava El Burgo Ranero, cerca de 8 km à frente de Bercianos, voltei a sentir fortes dores nos pés e na coluna, o que quase me impedia de caminhar.Tive sérias dificuldades para alcançar o povoado, onde encontrei um albergue em boas condições. Lembrei-me da recomendação da Lourdes e resolvi ficar por ali. Passei boa parte da tarde tratando de minhas bolhas, expondo-as ao sol, inclusive. Sentia dores nos pés e receava ser tendinite, conforme fora alertado.
Pela primeira vez,, conheci um albergue que não dispunha de empregados e ficava aberto 24 horas por dia. Uma moradora da vizinhança era a responsável pela faxina, disseram-me. Mas eu não a...
Nascido a esmo,
No ermo comum
Do Cerrado falido,
Desorganizou-se
Na vazão dos dias vis.
Cresceu,
Acorde final
De uma canção monocórdia,
Sendo apenas mais um
Amoitado entre buritis.
Nobre goiano desabado
Sob as sombras dos muricis!
Cresceu,
Suspiro último,
Entre os cheiros fundos
Dos pequiseiros teimosos,
Regando flores miúdas
Que do Planalto saúdam.
Cresceu
Lida empobrecida,
Entre cacos ciliares,
Engolidas, grão em grão,
Pelas mãos do tempo novo.
Mudou para a cidade
E viu morrer, lerda,
Sua goianidade brejeira,
Dentro de trincheiras famintas,
Feitas de cimento e vidro.
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É muito rico o contato com o povo do Caminho: as senhoras com seus sorrisos de cumplicidade, as crianças e seus olhares sonhadores, os camponeses curiosos... Pessoas simples, tranquilas e amistosas. Muitos parecem procurar nos peregrinos algum mistério, algum segredo. O mistério do próprio Caminho. É comum, nas janelas, nas ruas e nas trilhas, desejarem Buen Camino aos andarilhos. Algumas vezes, nas bifurcações onde a sinalização nem sempre era clara, encontrei crianças indicando o sentido correto aos caminhantes.
Solicitam, eventualmente, que os peregrinos sejam portadores de preces escritas, destinadas a Tiago, segundo me disseram. São também hospitaleiros e, quando necessário, chegam a abrigar os caminhantes. Já próximo a Santiago, Juan, o catalão, e Stefani,...
Os dias estavam cada vez mais curtos, sinalizando a aproximação do outono no hemisfério norte, mudança bem mais evidente naquelas latitudes. Em vez de amanhecer em torno das 6h30, como há poucos dias, agora a alvorada surgia próximo das 7h. Por isso, ainda estava escuro quando deixei Sahagún, no dia 18 de agosto, inseguro e sentindo muitas dores.
Segui lentamente, com algumas paradas para ajustar o curativo, que recuava com a movimentação. As dores impediam que eu pisasse naturalmente, alterando, com isso, o funcionamento de todo o processo de sustentação. Essa postura, alguns quilômetros adiante, também me provocou dores na coluna, sintoma que, a principio, atribuí a alguns desajuste nas correias da mochila.
A trilha, naquele trecho, era muito bonita e...
Desolado, já pensava em desistir da carona e hospedar-me no albergue, quando parou um carro. Estava ocupado por quatro mulheres, como que a ironizar meus pensamentos. Peguei rapidamente a mochila no meio do mato e apresentei-me a elas, explicando a situação, falando em espanhol. A que estava ao volante respondeu-me, na mesma língua, que o carro estava lotado, e que não poderiam ajudar-me, pois a mochila não caberia no carro. Resignado, já me afastava, quando a mulher, talvez por ter visto a bandeira brasileira na minha mochila, quando me voltei, perguntou-me se eu era brasileiro. Ao ouvir minha resposta, ela disse:
- Nós também somos! Vamos te levar! Daremos um jeito!
Foi uma alegria geral e seguimos com destino a Sahagún,...
Carrión de Los Condes, uma interessante cidade, foi o destino seguinte, onde cheguei após uma jornada monótona, num trecho plano e bem conservado, paralelo à pista asfaltada. Sem uma árvore sequer para oferecer um abrigo e sem as mesetas, para quebrar a mesmice, tipo de relevo que havia desaparecido. Fiz uma caminhada rápida e, em torno do meio-dia, já estava hospedado no Monastério de Santa Clara. Local muito bom, confortável.
Apos o banho de água quente, luxo nem sempre disponível nos albergues, saí para conhecer a cidade, fazer umas compras e almoçar. No passado, Carrión de Los Condes, por conta da beleza das suas mulheres, anualmente era obrigada a pagar aos mouros um tributo de cem donzelas, segundo reza a...
Após uma espera de mais de 30 anos, em setembro de 2018 foi entregue ao tráfego a ponte sobre o Rio Paranaíba, na BR-352, entre Abadia dos Dourados (MG) e Davinópolis (GO).
Foi um grande avanço para o intercâmbio entre as cidades da região, que até então faziam a travessia do Paranaíba por meio de uma balsa. A nova passagem também reduziu em cerca de 120 km a distância entre Belo Horizonte e Goiânia, por exemplo.
Mas nem tudo são flores: de Davinópolis até a BR-050 o tráfego é feito pela GO-210, via que cruza o Rio São Marcos. Nesse rio, a passagem é feita por uma ponte construída há mais de 60 anos, pela Prefeitura de Catalão, na gestão...
Uma outra obra de grande valor que realizamos foi o aterramento do esbarrancado, próximo à Santa Casa. Era uma enorme cratera, um verdadeiro canyon, formada pela erosão durante vários séculos, que ameaçava engolir a Santa Casa e boa parte do bairro. Era uma obra que vinha desafiando todas as administrações municipais de Catalão.
Com o valiosíssimo auxílio do Dr. Antônio Coelho Vaz, então Diretor Regional do DNER, de Domingos Borges e do Sr. Wilson Barbosa de Lima, conseguimos um levantamento de toda a área da cratera que chegava a 300.000 m3. Havia árvores de imbaúba de mais de 15 (quinze) metros de altura que nem alcançavam as bordas da cratera.
Contratamos mais de 150 (cento e cinqüenta) operários e começamos a...
Após descer a Meseta de Mostelares, retornei à planície e, uns 5 km adiante, parei em uma fonte para reabastecer o meu cantil e repousar. Além de alguns pastores, que também davam água a suas ovelhas, lá reencontrei a linda italiana, com o seu namorado, e Joan Bueno, um pintor catalão, de Barcelona, que eu já havia visto algumas vezes pelo Caminho.
Foi a partir daí que conheci melhor Joan, a melhor representação de peregrino que encontrei. Experimente, já havia feito a peregrinação outras 5 vezes, conhecia todas as artimanhas das trilhas. Com mais de 60 anos, embora não aparentasse essa idade, ele demonstrava excelente disposição física. Pele clara, dourada pelo sol, cabelo castanho-claro, com calvície já bem avançada.
Se algo...